A importância da suplementação para a
saúde dos animais e a manutenção da produtividade são vantagens da tecnologia
de aproveitamento da mistura uréia e cana-de-açucar. E tudo isso com uma
fórmula barata e eficiente. Essa pode ser uma boa definição da tecnologia que
alia um fonte de energia, à uréia, rica em proteína e sais minerais, para a
alimentação do rebanho leiteiro no período seco.
Claudio Ramalho Townsend, zootecnista
e pesquisador da Embrapa Rondônia, explica que o valor nutricional da cana está
relacionado com seu alto teor de açúcar, que pode atingir 50% na matéria seca.
Com boa aceitação pelos animais, o alimento é uma eficiente fonte de energia.
“Mas a cana não pode ser utilizada como única fonte de alimento para a
suplementação dos animais”, alerta o pesquisador. Isso porque a cana é pobre em
proteína e minerais. O resultado é um alimento nutricionalmente desbalanceado.
A solução, no entanto, é simples.
Fonte de nitrogênio não proteico, a uréia quando adicionada à cana na proporção
de 1% torna o alimento suficientemente rico em proteína. Para completar a
fórmula, é necessário adicionar uma fonte de enxofre, como sulfato de amônia.
Maykel Sales, engenheiro agrônomo e
bolsista de pós-doutorado na Embrapa Acre, alerta que é necessário um período
de adaptação, para que o organismo dos animais se acostume com o consumo da
uréia, que pode provocar intoxicação. A adaptação consiste na combinação de
0,5% de uréia mais fonte de enxofre diluídos em quatros litros de água na cana
picada. Depois de sete dias, já é possível adicionar a uréia da proporção de 1%
do volume total de cana.
A tecnologia desenvolvida pela
Embrapa Gado de Leite já está bastante consolidada e foi adaptada por
pesquisadores da Embrapa na Região Norte, que avaliaram o desempenho de
diferentes variedades de cana-de-açúcar e aplicaram a fórmula em rebanhos
leiteiros. Os resultados foram satisfatórios. Na Amazônia Ocidental,
especialmente nos Estados de Rondônia e Acre, são bem definidos os períodos
chuvoso e seco. Durante boa parte do ano os animais podem ser alimentados
diretamente no pasto, mas em quatro meses do ano, justamente na estiagem, é
preciso a suplementação alimentar.